Wednesday 20 December 2017
PARAI O MUNDO
Mal respirando
e um algo abouxado
viajando, mais sem mexer-me
estou perdido, tam perdido ...
Fróis murchando
e os dias sempre mais escuros
tropeçando através desta mourém ...
Monday 11 December 2017
FILHO DUM CREGO
Guilherme Lôstrego era o filho dum crego
e quando o pai vinha a cás de nós
ele tamém vinha ...
e quando o pai vinha a cás de nós
ele tamém vinha ...
Friday 1 December 2017
Sunday 19 November 2017
IRMANDINHOS PILHABÃES: CEIVADE AS PISTOLAS
As Cantigas dos Sargassos hám-se beilar
daquela maneira:erguendo os xoenlhos
e quase caindo pra trás
E mais pra cantá-las presta-vos:
o baralhete dumha ilha quente
umha pucha antiga
e a mourém da ialma
pra fora toda, na pele
Monday 6 November 2017
BEIÇOM
E logo por que nom desfrutar do momento?
Pois que quando eu ousei choutar
nesse mesmo intre
eu aterrei
Pois que quando eu ousei choutar
nesse mesmo intre
eu aterrei
Thursday 26 October 2017
Friday 20 October 2017
Ri Na Cruinne
O mundo cai em anacos
enchoupando os caminhos
e o vento assobia
entre os corpos caídos
King Of The Universe
Folk Are Destroying
The Human Race
We Don't Care Enough
King Of The Universe
Folk Are Destroying
The Human Race
We Don't Care Enough
King Of The Universe
Nature Is Being Destroyed
From Year To Year
We're Not Aware Enough
King Of The Universe
Nature Is Being Destroyed
From Year To Year
We're Not Aware Enough
Let's Rouse Our Courage
All Over The World
Let's Rouse Our Courage
All Over The World
Let's Rouse Our Courage
Sunday 15 October 2017
DA MAO DO DEMO
Atopei-me co demo
pegou-me da mao
e dijo-me que haviámos caminhar por desertos de areas amarelas
mais eu digem-lhe
ho demo!
ho demo!
vai prò caralho
...
dende aquela eu esmoreço
e morro, e penso pra mim
olhando senlheiro
pola fiestra do meu tobo
que nom hai demo mais demo
ca mim
e dijo-me que haviámos caminhar por desertos de areas amarelas
mais eu digem-lhe
ho demo!
ho demo!
vai prò caralho
...
dende aquela eu esmoreço
e morro, e penso pra mim
olhando senlheiro
pola fiestra do meu tobo
que nom hai demo mais demo
ca mim
Thursday 14 September 2017
RIBEIRAS PURAS
Decatei-me de que sim
podia
parar o tempo
voar de costa a costa
e esquencer em silêncio
...
E desde aquela eu durmo
a sesta
deitado na relva, a
carom da canle da China
quanda o Atwater
e olho prò meu relóxio
sabendo que todos vós
estades já durmidos
envolveitos na noite
enquanto eu e o sol
somos umha só facianaSunday 16 April 2017
PRIMEIRO CONCURSO DOUTOR ELDOM TYRELL DE TRADUÇOM GALEGA
O seor Doutor Eldom Tyrell e mais eu convocamos o Primeiro Concurso de Traduçom Galega, dotado cum prémio ganhador de dous mil dólares ($2000) e mais umha caixinha de primeiros socorros (incluindo emplastros pra dedos crebados) aberto a tódolos replicantes e lusistas do Sistema Solar. Persoas e portugueses com interesse no galego tamém serám admitidos, após passarem o teste do Holden (que implica conhecer a diferença entre um cágado e umha tartaruga).
Neste primeiro concurso tratara-se de traduzir doze (12) frases galegas pra duas outras línguas, nomeadamente:
1) A língua portuguesa da Galiza (ou «português da Galiza»)
2) A língua portuguesa de alhures
Velaqui as oraçons a traduzir:
1 Já pechárom a bilha do chapitel
2 Quando eu cheguei à casa já pecharam a fiestra
3 Figem-no sem me decatar / dar de conta
4 E logo hoje jantache antes das duas?
5 Adoitam alporiçar-se / remontar-se muito
6 Volta e dá-lhe!
7 Estivem a piques de perder o acordo
8 O Acordo Ortográfico é umha argalhada do nabiço
9 O jantar e a ceia fôrom de achego
10 Dom Celidónio devecia por liscar de aló
11 Digérom-me que o abouxaram
12 Isso já mo digeram
Mandade as vossas respostas, junto co certificado de aprovado do Teste cágado-testuda de Holden, a este blogue, ou outramente a Tyrell Co.Trade Center, 15 Carroucho dos Toxos Replicantes, Downtown Los Angeles, em formato electrónico ou papel.
(Disclaimer: entries in portunhol will not be considered, as that, though existing, is not a recognized language)
Saturday 18 March 2017
DECADÊNCIA, DECADENTE
Hai
conceitos que som difíceis de compreender, aliás, de explicar. Um deles é o de
decadência, decadente. É um conceito que sempre me escapou, já desde que um
amigo, aló na minha juventude, me levou ver umha certa construçom de ferros e
cristais, entalada no meio dum parque. «Que decadente!» dixera todo o tempo,
absolutamente abraiado. E eu, que nom comprendia de que estava a falar, quedava
com cara de pampo.
Mais tarde,
nas aulas da universidade, nas bancadas das bibliotecas, em livros inúmeros que
lim ao longo dos anos, volvia aparecer o mesmo palavro, o mesmo conceito, e
frequentemente vencelhado à verba «barroco». E eu continuava sem compreender. E
embora tivesse tentado com grande teima compreender o significado dessa palavra,
ou palavras, se tomarmos o nome e mai-lo adjectivo, nunca dava compreendido. Ao
que parece, tratava-se, conseguim eu intuir muito mais tarde dalgumha maneira pouco ortodoxa,
dumha tendência corruptiva, dum pendor à podredume, que tódalas cousas tenhem,
e que mesmo antes de desaparecer e morrer e apodrecerem dam botado um
derradeiro hálito de nom sei que grandeza.
É por isso
que eu nom gosto da linguagem nem das gramáticas, porque som apenas atravancos
à humanidade, à compreensom, sob a pretensom contrária.
Mas nunca é
tarde de mais, isto é, nunca é tarde de mais pra quem persevera, pra quem
teima, e por isso é que eu conseguim num belido dia (hoje) conseguir ser quem de
enxergar compreendendo o significado do conceito e mai-la ideia que se pode
enxergar na profundidade do conceito a compreendê-la alviscando na essência do
conceito a conceituar enxerghando cagho em diola o que é decadência, decadente.
Old Rosie,
cloudy cider, 7.3 %
Ou! Ou! Ou!
Saturday 11 February 2017
VENDÉROM O POVO, MEUS AMIGOS
Vendérom o povo, meus amigos
vendérom os nossos ideais
e vendérom-nos barato, meus amados
Umha paz imposta pola força
nom há vingar
e há faguer xurdir o ódio, já
veredes
Eu, caminhando nele, no deserto
caminhando no inverno
o deserto
dou-no enxergado
meus amados
Beilando antre o fogo
beilando no lume
Vendérom o povo, meus amigos
Vendérom os humanos, meus amados
Tuesday 7 February 2017
SÓ UM SONHO
Acordei
cum sorriso nos beiços. Fora só um sonho. As persoas apareciam e desapareciam,
relacionavam-se, falavam e se tocavam, sempre dumha maneira relaxada, natural.
Ninguém perguntava polas cores do cor, nem esculcava nas raízes da ponla que
verdeciam. Todas esqueciam, consoante quem lhes dixera algo desaparecia. Nom
havia carnets, nom havia tendências, nom havia espaços pra surfistas nem pra
comunistas, a terra era una.
Acordei
cum sorriso nos beiços. Fora só um sonho. Aló nom havia faixas de trânsito,
pois todas as persoas circulavam amodinho. Nom havia telefones, nom havia
trebelhos nem youtube. Haver nom havia nem bibliotecas, porque afinal, quem era
que ali ia ler um livro?
As
persoas falavam, quando falavam, em línguas diversas, mas nom havia gramáticas,
nom havia ortografias, pra além da sintaxe das cores, a dos ares, a dos
paxaros. Cada quem tinha a sua língua.
Acordei
cum sorriso nos beiços. Ele-fora só um sonho, mas que sonho! As persoas
semelhavam escoitar, mais ca falar. Num recuncho albisquei um velhinho a olhar pràs
estrelas — era noite — e à volta dele um rebúmbio de cativos a olharem tamém com
ele. A luz das estrelas parecia debuxar um sorriso nos beiços de cada um deles.
E ninguém falava.
Noutro
recuncho, este já su-la luz podente do dia, umha mulher, com pintas de poetisa
(pucha descaída, colgarexos e tatuaxes na pele) parecia querer declamar como
umha poesia, mas nom conseguia mais ca exalar saudades sem sons, suspiros. E
todos à volta dela pareciam segui-los invisíveis, coa olhada morrinhenta. Ai.
Acordei
cum sorriso nos beiços, e decatei-me de que nom tinha língua, nom tinha
gramáticas, ortografia. Só pulmons e boca pra inspirar e expirar, e saudades.
No meu sonho as persoas falavam-se sem medo, olhavam-se nos olhos profundamente,
um hominho eu vim ali a passear cum outro home, de maos dadas, que o guiava no
entre lusco e fusco, e lhe dizia «cuidado, nom vás cair» e despois se perdiam
na escuridom mais funda do sonho. Num outro recuncho albisquei umha rapariga,
umha belida rapariga como deve ser, cos braços nus, cabelos longos e pretos,
encaracolados, a olhar prò parrafeio dum rapaz, que parolava como que umha fala
escorregadia, sem palavras, apenas ondas e vagas de degoiro e cantiga. E um
outro rapaz se aproximava deles, cumha pucha dessas dos operários dos tempos de
branco-e-pretos. E bicava a rapariga nos beiços, e apertava o rapaz sem língua
própria, e a rapariga tamém o bicava.
E
naquele sonho de que falo, havia persoas sem número a olharem pra um solpôr,
todas arrecadadas coma que num anfiteatro grego, e de quando em vez se olhavam antre si, e sorriam. E ninguém falava, porque nom havia outra língua ca a do
solpôr, e a da irmandade humana.
Acordei
cum sorriso nos beiços, e cuidei que nom acordara. E nom conseguia lembrar
nengumha palavra, nem sequer aquela com que os outros homes me chamavam. E a
raiola do sol xurdiu dumha frincha da fiestra, e alumiou-me a faciana. Entom
conseguim lembrar algumhas palavras, e desejei esquencê-las.
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