Saturday 5 March 2016

A NOITE



Vagorosa, a noite asulagou-nos
pelerinha errante
inesgotávele, de cote chuçando no serám
rolando-o polo Atlántico em diante
envergonhando as nuvens até fazê-las enrubescer
a noite botou-se, mais uma vez
encol de todos nós

A noite
carregou de chumbo as nossas pálpebras
arrousou-nos por rueiros velhos
labirínticos
lambeu-nos c'o seu bafo húmido e frio
atereceu as nossas entranhas, enegreceu os nossos pensamentos
tal é o seu arnaxe

À noite
eu
acovilhei-me no meu tobo
tremendo de inquedanzas
e ela, sem piedade
descochou-se
e amosou-me
as suas joias

Acorado, o meu folguejo multiplicou-se
com tesom
por dez, por cento, por milheiros
por infinito
na tristura eterna da noite de Alba